sábado, 15 de fevereiro de 2014

Uma Brisa Gentil

Photo: Aivan Moura
As noites frias e as tardes quentes exercem uma nítida influencia em mim e me ensinam a contemplar e a compreender os opostos. O frio, com toda sua rigidez, abraço gélido e um olhar solitário me aquece. Me aquece porque me faz apreciar uma cama quente para repousar, me faz valorizar um abraço aconchegante e caloroso, me faz buscar um olhar apaixonado e sedento por uma noite interminável de amor e loucuras. Uma dose de conhaque, duas, três... Assistir um filme enrolada no edredom, comer brigadeiro de panela, ter eargasms ouvindo Portishead no meu quarto fechado e escuro enquanto escrevo meus pensamentos. Trepar durante um banho quente, adormecer nos braços de quem amo. O frio me ensina o valor e a importância do calor, de me sentir aquecida por sentimentos tão verdadeiros quanto o Sol que nos proporciona vida, da importância de me aproximar das pessoas e lhes oferecer meus mais calorosos sentimentos. De apreciar os primeiros raios de Sol pela manhã.
Por sua vez, os dias quentes com todo seu esplendor e cores cintilantes me faz lembrar que a vida não se resume apenas nos meus pensamentos não-lineares e insanos, que a vida só é vida porque temos uma Mãe Natureza bondosa. Me faz lembrar o quanto eu amo as folhas das árvores reluzentes sob a luz do Sol, o quanto eu amo a sombra fresca que as árvores me propiciam e gentilmente me convida a repousar e ler um livro, ou simplesmente repousar e contemplar as nuvens encenando um filme extraordinário com personagens tão excêntricos e pomposos no imenso telão azul chamado céu. Me faz reverenciar ainda mais a magnitude e a importância da água, a água que me permite viver e me refrescar. Eu amo mergulhar na água fria de uma cachoeira num dia quente de verão. Eu simplesmente amo sentir uma brisa fria numa tarde quente, me faz perceber que o frio também é acolhedor e gentil.
Uma manhã cinzenta e um vento frio me proporcionam mais alegria do que uma manhã ensolarada, confesso. Não sei exatamente o porquê mas sei que é assim. Talvez se deva ao fato da minha pessoa ser mais introvertida e melancólica, ou talvez seja apenas eu tentando me justificar a mim mesma. Não menosprezo a benevolência dos dias ensolarados, eles sempre me dão uma nova perspectiva, me ensinam muito. Mas eu me identifico com o frio, somos existências semelhantes. Com toda minha frieza apenas esperando alguém que me compreenda, busque se aconchegar, e perceba que  posso ser gentil, assim como a brisa fria numa tarde quente. E assim como eu compreendo o frio eu encontrei alguém assim, que me compreende além dos sentidos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário